Após fechar estúdio AAA de Halo, empresa foca em títulos narrativos, casuais e baseados em suas séries de sucesso
A Netflix está reformulando sua estratégia no setor de games. Após encerrar as operações de um estúdio liderado pelo veterano Joe Staten (ex-Halo) e abandonar suas ambições AAA, a empresa agora pretende aumentar seus investimentos — mas de forma mais controlada e alinhada ao seu ecossistema. O foco? Jogos narrativos, infantis, de festa e experiências interativas, todos baseados em suas franquias de sucesso.
Desde que entrou no mundo dos games, a Netflix ainda caminha em terreno experimental. No último briefing de resultados, o co-CEO Greg Peters afirmou que os investimentos em jogos continuam "pequenos" quando comparados a filmes, séries e eventos esportivos ao vivo. No entanto, ele reforçou que o potencial de crescimento é enorme, e que os jogos já demonstraram impactos positivos em retenção de usuários e valor percebido da assinatura.
“Se agregarmos mais valor à nossa oferta, teremos maior aquisição de usuários, maior retenção e maior disposição para pagar”, destacou Peters.
Apesar de 99% dos usuários ainda não jogarem os títulos da plataforma (dados de 2022, antes da chegada de GTA), a empresa se diz otimista. Títulos como Squid Game: Unleashed e o recém-lançado Thronglets (da 7ª temporada de Black Mirror) são exemplos do que a empresa pretende expandir: jogos conectados ao seu universo de conteúdo.
Celular, TV e streaming — mas nada de consoles
A nova abordagem da Netflix está centrada em quatro pilares principais:
- Jogos de festa
- Jogos infantis
- Jogos narrativos baseados em IPs
- Jogos "comuns" (casuais e acessíveis)
Todos os títulos continuarão inclusos na assinatura, sem anúncios ou microtransações, e serão jogáveis em dispositivos móveis ou via streaming na TV — mas não estarão disponíveis em consoles como Xbox ou PlayStation.
“É como um músico: começamos copiando, mas vamos encontrar nossa voz”, disse Alain Tascan, chefe de jogos da Netflix.
Tascan também comentou sobre o fechamento do estúdio AAA, explicando que a decisão não foi por falta de ambição, mas sim de alinhamento com a plataforma. Segundo ele, o estúdio era talentoso, mas os jogos que desenvolvia “não combinavam com a proposta da Netflix”.
O plano: crescer com calma, mas com foco
Peters deixou claro que, apesar de ainda estarem testando o terreno, a empresa está convicta do potencial da área de jogos. Para ele, o mercado é "muito, muito grande" e representa uma oportunidade estratégica de longo prazo.
“Vamos investir de forma disciplinada. Primeiro, queremos provar que conseguimos gerar valor para nossos assinantes”, concluiu.
A Netflix pode não estar pronta para concorrer com gigantes como Sony ou Microsoft no mundo AAA, mas parece determinada a criar um modelo próprio, onde seus jogos complementam o conteúdo audiovisual e ajudam a manter os assinantes engajados. Em um mundo onde o entretenimento é cada vez mais interativo, essa pode ser a jogada certa.
