Reinterpretando a Primeira Lei de Newton: Implicações de uma Tradução Precisa

    Durante centenas de anos, temos entendido a Primeira Lei do Movimento de Newton com base em uma suposta tradução do texto original em latim. No entanto, recentemente, um artigo publicado na Philosophy of Science (pré-impressão) por Daniel Hoek argumenta que essa interpretação se baseia em uma tradução incorreta do texto original. Embora essa questão possa parecer acadêmica, as teorias de Newton ainda são altamente relevantes hoje em dia, pois fornecem aproximações úteis para prever fenômenos na Terra. 



    É importante abordar questões de precisão científica e histórica, mesmo que as Leis do Movimento de Newton tenham sido substituídas por teorias como a Relatividade Geral ao longo dos séculos. Isso se resume principalmente a uma tradução desajeitada do texto original em latim de Isaac Newton na terceira edição em inglês de 1726, feita por Andrew Motte em 1729. Essa tradução definiu por muitas gerações o entendimento das Leis do Movimento de Newton, juntamente com os demais capítulos de sua obra "Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica".

    Em 1999, uma nova tradução (tradução de Cohen-Whitman) foi publicada por uma equipe de tradutores, que apresenta notáveis desvios em relação à tradução de 1729. O mais notável é a mudança na tradução da palavra "nisi quatenus," que tem implicações significativas para o entendimento da lei. Enquanto a tradução de Motte implicava que um corpo livre de forças persistiria em seu estado de repouso ou movimento uniforme, a tradução de Cohen-Whitman implica que um corpo persiste em seu estado, a menos que seja compelido a mudar por forças exercidas sobre ele.

    Essa tradução mais precisa tem implicações importantes, pois a versão original de Newton não exige corpos livres de forças, o que levou a debates sobre por que a Primeira Lei existe. Na nova tradução, a Primeira Lei segue automaticamente da Segunda Lei, tornando-a menos redundante. Por exemplo, quando se aplica essa interpretação a objetos como piões, que Newton usou para explicar a Primeira Lei em detalhes, fica claro que eles podem manter sua rotação e outros movimentos a menos que sejam perturbados por forças externas, como uma mão tocando-os.

    Infelizmente, Newton não teve a chance de ver essa tradução para o inglês, já que faleceu alguns anos antes de sua publicação. Portanto, essa tradução aprimorada nos leva a reconsiderar nossa interpretação da Primeira Lei do Movimento de Newton e destaca a complexidade de traduzir palavras precisas entre línguas naturais tão diferentes como o latim e o inglês.


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